Em Um Princípio: Revelação Da Luz

Nesta Porção Semanal [Bereshit] um detalhe nos atinge com a força do mistério: por que a luz foi criada antes de tudo, uma vez que nada havia que pudesse dela se beneficiar?

D’us disse em Bereshit 1: 3: “Seja Luz! E foi luz.” Podemos assim observar que esta foi a primeira das manifestações, por assim dizer, pelas quais D’us, Bendito seja, criou o mundo. Sendo que a luz foi a primeira de todas as Suas criações.

Mas por que isso? Explicam os Sábios que a luz criada no primeiro dia estava “oculta aos justos no Mundo Vindouro”. Mas, como se pode observar isto é paradoxal. Como objetivo base da luz é iluminar, por que ela foi ocultada logo depois de ter sido criada?

O livro base da Cabalá destaca que as palavras em Hebraico para “luz” e “segredo” são numericamente equivalentes [Guematria, isto é, os códigos contidos nas letras hebraicas que revelam conhecimentos ainda mais profundos]. Isto quer dizer que se trata de um sinal, pois duas coisas equivalentes estão relacionadas entre si [isto é, compartilham uma forma essencial comum a ambas].

Isto também é um paradoxo já que a “luz”, por sua essência é algo revelado, e um “segredo” é algo necessariamente oculto. Sendo assim, como é possível dois opostos repartirem uma mesma forma em comum? Para resolver estes problemas, devemos levar em conta uma observação feita pelo Midrash [Bereshit Rabá 1]:

“Assim como um rei que deseje construir um palácio não o faz dozinho e espontaneamente, mas consulta os projetos do arquiteto, também D’us procurou na Torah e criou o mundo”.

Daqui podemos aprender algo sobre a ordem pela qual D’us trouxe o mundo à existência. Primeiro Ele cria em sua mente o propósito ao que Ele quer que a obra atenda; é somente então que Ele dá início à obra.

O propósito do mundo que Ele estava por criar [isto é, um lugar em que a luz Divina estaria oculta nos pesados invólucros da existência material], era de que ele deveria ser purificado e a luz primordial de D’us restaurada. Significando que a Sua ocultação [escuridão] se transformasse [como se aprende na Chassidut] em uma presença revelada [luz].

Assim, como a luz foi o propósito da Criação, e o propósito da primeira coisa a ser decidida na ordem de uma obra, a luz foi criada no primeiro dia. A intenção de todas as criações subsequentes foi capturada naquela frase inicial: “Seja luz”.

Podemos agora entender o conceito inicial de como é descrito no livro base da Cabalá, que destaca a conexão entre “luz” e “segredo”, e porque os Sábios disseram que ela, a luz, fora oculta aos justos no Mundo Vindouro.

Enquanto um edifício está sendo construído, o seu formato e aparência final não é perceptível exceto na mente do arquiteto. A sua forma final e definitiva somente é desvendada quando o trabalho está concluído.

O mesmo se dá com o nosso mundo: será somente quando atingir a sua perfeição, por meio de nosso trabalho ao longo dos 6.000 anos [Correspondente so Seis Dias da Criação] que precedem o Mashiach, que o seu propósito [“luz”] será revelado. Agora a luz está escondida, porém no Mundo Vindouro [quando o nosso serviço mundano tiver sido completado] ela voltará a brilhar mais uma vez, tal como foi no primeiro dia.

Assim está escrito [Ieshaiahu 60: 19] “Não te servirá mais o sol para a luz do dia, nem com o seu resplendor a luz te iluminará; mas H’shem será a tua luz perpétua”.

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