Chayei Sarah: Não Prejudiquem Meus Ungidos

A Torah nos revela os anos da longa vida de Sarah, como vemos [Bereshit 23:1]: “Cem anos e vinte anos e sete anos; estes foram os anos da vida de Sarah”. Observando as palavras do verso da Torah sagrada, nossos Chachamim [Sábios da Torah] comentam que, ao longo de todos os anos de sua vida, Sarah manteve a mesma bondade, a mesma pureza e a mesma inocência juvenil.

Apesar de seus longos anos de esterilidade, apesar de ter sido sequestrada duas vezes enquanto acompanhava seu marido Avraham em suas muitas viagens, Sarah não se tornou dura e nem mesmo cínica. O filho deles se chamava – Yitzchak [ele rirá] – devido aos sentimentos de admiração de Avraham e ao riso espantado de Sarah. Como vemos [Bereshit 21:6]: “D’us me deu risada; todos os que ouvem se alegrarão por mim”.

A partir do exemplo inspirador da pureza e emunah [fé judaica] de Sarah, podemos aprender uma lição importante sobre educação. Isto para que tomemos cuidado, a fim de evitar a imitação servil dos métodos educacionais de outras nações. Nossa abordagem educacional deve atender à natureza especial e às características únicas de nossa nação.

Pois, o futuro da nação depende de como educamos a próxima geração. Assim como devemos cuidar das vinhas da Casa de Israel para que as mudas prosperem e cresçam, ancorando raízes rápidas abaixo e produzindo frutos agradáveis acima? Como podemos garantir que nossos filhos se transformem em adultos [judeus ou justos nas nações] completos, com seus valores firmemente enraizados em sua herança, vivendo vidas que sejam “agradáveis a D’us e ao homem”?

A educação, de fato, gira em torno de uma questão básica – a infância – mas o que é a infância? É apenas um estágio, básico, preparatório que leva à idade adulta ou tem valor intrínseco por si só? A infância é apenas uma preparação para a vida adulta, quando alguém se tornar um membro produtivo da sociedade, uma engrenagem na grande máquina da economia da nação. Porém, esta é uma das duas visões que vamos abordar neste shiur [estudo judaico].

A outra visão da vida que vamos descrever aqui é uma visão idealista que valoriza as qualidades de pureza e inocência. Tal ponto de vista vê a infância como um estágio da vida que tem valor por si só. Os nossos Chachamim [Sábios da Torah] reconheceram a contribuição especial das crianças para o mundo. “O mundo dura apenas pelo fôlego das crianças em idade escolar”, pois sua Torah [da criança] é aprendida em pureza, imaculada, sem a mancha da transgressão [Shabat 119b].

Quando as crianças são educadas adequadamente, podemos discernir dentro de suas almas imaculadas medidas incalculáveis de santidade e pureza. Mas isso só é verdade se a graça e a beleza dessas flores delicadas não forem esmagadas pela realidade de um mundo cínico e ganancioso.

Vemos na nossa Lei Oral [Shabat 119b]: “Não prejudiquem o meshichai, Meus ungidos – isso se refere a crianças em idade escolar”. A pergunta é, por que as crianças são chamadas de “ungidos de H’shem”? A unção não é um evento único, mas uma cerimônia de iniciação que influencia os próximos anos.

Assim, um rei é ungido e, ao longo dos anos de seu reinado, ele é o melech ha-mashiach, o rei ungido.

Este é o relatório que Sarah Imeinu fornece. Ela viveu uma vida de santidade e pura emunah, conservando sempre sua admiração e pureza infantil pelas muitas vicissitudes de sua longa vida. Como diz o Rashi: “Todos os anos dela foram iguais em bondade”.

– Adaptado dos ensinamentos do Harav Kook

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